domingo, 13 de abril de 2008

Resenha "O conhecimento inútil"

RUSSELL, B. O conhecimento inútil. IN: _____. O elogio ao ócio. Rio de Janeiro: Sextante, 2002. P. 36-46.

Escrito em 1935, o livro “O elogio ao ócio” é uma reunião de crônicas publicadas em jornais da Inglaterra e dos Estados Unidos. O segundo capítulo – “O conhecimento inútil” – fala das relações entre o homem e o conhecimento e, apesar de escrito na primeira metade do século XX, é um texto extremamente atual, que poderia se referir aos tempos atuais.

Russel traça um pequeno panorama histórico da relação entre homem e conhecimento, focalizando principalmente o período renascentista, quando o homem se revolta contra a “concepção utilitária do conhecimento” e lembrando que para o homem renascentista, instruir-se fazia parte da alegria de viver. O autor mostra que a Revolução Francesa acelerou a mudança da concepção de conhecimento e que “as pessoas passaram a questionar o valor do chamado conhecimento ‘inútil’ com um vigor crescente, passando a acreditar mais e mais que o único conhecimento digno de mérito é aquele que se pode aplicar a algum setor da vida econômica da coletividade”.(p. 38)

Russel afirma que nos países com sistemas educacionais tradicionais a visão utilitária o conhecimento não prevalece totalmente, mas que isso não significa que não haja um movimento para a extinção da velha tradição.

O autor mostra que o conhecimento “útil” é essencial no mundo moderno, que uma modernização na educação tradicional é sempre necessário. Entretanto essa modernização não pode vir desassociada da cultura, pois “quando a atividade consciente dos indivíduos fica totalmente concentrada num único propósito, o resultado, na maioria dos casos, é uma perda de equilíbrio seguida de alguma espécie de distúrbio nervoso.” (p. 41)

Utilizando alguns exemplos bastante interessantes, Russel termina o capítulo falando sobre a importância do incentivo à atitude mental contemplativa. Para o autor “os méritos mais importantes da contemplação estão relacionados aos grandes males da vida e à marcha cega das nações para o desnecessário desastre”. Não basta, segundo o autor, “de tal ou qual informação específica, mas do conhecimento que inspire uma concepção da finalidade da vida humana como um todo”. Impossível não relacionar tal posição com Morin.

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